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Vai um espetinho aí?

Se tem uma coisa que realmente acredito é que nada nessa vida é por acaso e nas pequenas coisas diárias percebo que essa é realmente uma verdade, pelo menos para mim. 🙂

Pouco antes da nossa viagem para a China fui a uma livraria de usados aqui em Leuven, queria um livro leve e interessante para levar para a China, já que eu teria bastante tempo livre enquanto os meninos se dedicavam ao Givig Something Back Project (projeto final do curso de MBA do Dú, o qual deveria ser realizado em uma ONG).

Depois de algumas horas vasculhando as extensas prateleiras da livraria cheguei à seção de gastronomia… Loucura, loucura!!!! O primeiro “acaso”: haviam umas 10 caixas no chão só com livros liiiindos de gastronomia todos por € 2,50. Para encurtar a história um dos livros que comprei foi o do Jeffrey Steingarten It must’ve been something I ate (já falei um pouco sobre ele nesse post aqui ó)… E aí vem o segundo “acaso”: já na introdução do livro ele comenta que logo que se tornou crítico gastronômico da Vogue (que dó, né?!) ele sentiu uma responsabilidade ética de livrar-se de todo e qualquer preconceito psicológico e cultural e inibição que pudessem impedi-lo de tornar-se um perfeito onívoro (que ou o que come tudo ou de tudo, segundo o dicionário Houaiss), o ideal crítico neutro. Nesse sentido ele revela algumas de suas restrições alimentares (daquela época), sendo uma delas os insetos, tão evitados nas Américas, excluindo o México, e Europa.

Após ler essa introdução me convenci ainda mais sobre a minha opção de ir para a China com o paladar completamente aberto para experimentar e felizmente só tive alegrias (parte já relatado nesse post aqui).

Toda essa introdução foi necessária para contar, na verdade, a história de um grupo de brasileiros que encontramos no exotic food market, uma ruazinha bem estreita e apinhada de gente e cacarecos que cruza a Wangfujing Shopping Street em Beijing. Estávamos caminhando por aquelas bandas e eu estava curiosíssima para ver essa muvuca toda. Logo na entrada dessa rua (que também é só para pedestres) vi os espetinhos de escorpiões (vivos, sim! Os escorpiões espetados vivos, ainda se mexendo, são os considerados mais frescos, mais saborosos… ui!)… E logo reconhecemos no meio daquele monte de gente falando mandarim um povo falando português.

Era um grupo de jovens brasileiros, eles faziam uma roda em torno de uma das meninas e gritavam: “Go! Go! Go!” A menina segurava um espetinho com um último escorpião e outra do grupo dizia: “Vai! Coragem! Todo mundo já comeu, só falta você!” A coitada se encheu de coragem (?) e colocou o bicho na boca. Ela tremia tanto que dava dó. Em seguida pegou uma garrafa de refrigerante, tremendo… A garrafa sacolejava tanto em suas mãos que ela mal conseguia beber direito… Acho que ela tentava era engolir o coitado do bichinho…. 😕 Mas esse episódio acho que não retrata o que o Jeffrey pratica diariamente…

Pois é, tem coisas que mesmo estando ou sendo muito aberto ao que nos é diferente não dá para engolir… Literalmente!!!! 😆

Essa iguaria eu passei! 😛